A vida que deixei para trás é um quarto frio.
Ultrapassei a linha,
E nesse caminho ,entre passos e tropeços, sigo meus próprios passos em busca de mim mesma.
Visualizo um escorrer de lágrimas que deságuam em um mar de vazios que marcam a costa da minha existência.
É estranha a vida aqui!!!!
Jardins em meio a ervas daninhas e vales que diluem a solidão de cada paisagem.
Sinto tanto sem poder dizer nada... Um buraco que arde dentro de mim.
Grito por dentro sem sequer ser ouvida.
E a água escorre rumo a um abismo sem fim...
Escuro, sombrio...existe luz no abandono?
Existe vida no vazio?
Olho para o céu de azul intenso e profundo, vejo o raiar do sol por trás de algumas nuvens que tentam omitir a claridade dele e penso:
Existe caminho até o fim? Existe fim? Existe resposta ao final?
Nesse momento fico estática, parada à beira do precipício
E a faísca dos meus olhos me lançam um pedido:
Me arremesse gentilmente do lado de lá;
me ajude a limpar isso da minha mente...
Ou a dar um fim nessa nascente que deságua dentro de mim.
E eu confiei nos meus passos para me manter aquecida a noite e assim continuar nessa trilha
Mas nada parece me ajudar
Todas as costas são viradas
E o egoísmo e a indiferença contam segredos que nunca deveriam ser revelados
E vejo todos os pecados
E não há nada a se extrair disso.
E entre passos e tropeços sigo meus próprios passos em busca de mim mesma
Sigo essa trilha em meio ao frio, ao fogo, a florestas de altas copas de monstros internos, momentos que parecem inatingíveis...
Desertos que absorvem meus pés e a areia quente que os queima a cada passo que dou.
Caminho contra o vento árido, poeira nos olhos e migalhas de areia que insistem em me acompanhar empreguinadas ao suor que escorre do meu cansaço.
É um caminho muito longo de volta pra casa,
Se é que um dia estive lá...
Agora eu sei o custo de cada explosão dos meus pensamentos;
Agora eu sei que no fim das contas:
Eu sou o caminho. Apenas isso. Ou tudo isso.
Joana Bravim
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