Um cálice de vinho...
Era a única coisa que me restava;
Um cálice de vinho...
Era a única coisa que me acompanhava.
Mesmo sendo feita de titânio,
Sempre fui de alguma forma ferida, mas nunca me entregava, sempre
me reerguia.
O coração sempre foi minha kriptonyta, meu calcanhar de
Aquiles.
Mais uma vez a olhar o desabor dos meus sonhos e
expectativas.
A cada gole amargo que a vida me servia
Fazia-me sentir descer queimando as lembranças de um futuro
desfeito
E mais uma vez me questionar:
Deus, o que eu fiz para merecer isso?
E o flash das lembranças magoa a ferida que tenta sarar.
Enquanto um turbilhão de pensamentos é aquecido pelo vinho_
que tem amargura semelhante a minha existência _ ouço uma música da banda “Nenhum
de nós” que me diz: “Quero um machado pra
quebrar o gelo, quero acordar do sonho agora mesmo, quero uma chance de tentar
viver sem dor...”
Não sei precisar onde estou nem pra onde vou;
Pouco importa a direção a seguir quando não se sabe o que
quer ou o que se é.
Sinto-me em mar aberto, à deriva... Sendo levada por
acontecimentos desencadeados pelo acaso cotidiano
Sem saber ao certo no que vai dar, ou o que esses eventos
vão exigir de mim...
Vou empurrando a existência, tentando evitar ver o que não
tenho para notar...
Mais uma vez me encontro fora de órbita;
Mais uma vez, sem opção, tenho que partir em retirada. Para onde?
Não sei.
Mais um amontoado de sorrisos, cheiros e momentos pra
esquecer...
Deus... até quando?
Joana Bravim