segunda-feira, 18 de julho de 2011

Fratura Exposta




Sabia como ninguém permitir que os outros dilacerassem seu orgulho.
Era totalmente incapaz de cuidar de si mesma,
De proteger o que ainda restava, mesmo que aos cacos, de mais precioso dentro de si_ suas aspirações mais íntimas.
Sempre se expunha demais e sempre pagava um preço alto por isso
E nunca aprendia.
Ou por ter  “alzheimer” sempre esquecia.
Esquecia da intensidade da dor, mesmo que suas feridas e cicatrizes lhe esfregassem na cara todo o martírio vivenciado por culpa da sua displicência.
Não sabia voar, porém, nunca exitava quando diante de um abismo.
Por conta disso, "se jogar" sempre resultava em destroços.
Era desesperador e angustiante perceber sua própria queda e não poder fazer mais nada, tendo em vista, A sua apatia em agir quando ainda havia tempo.
E com o passar dos anos, torna-se cada vez mais difícil emendar-se
E cada vez mais complexo conseguir entender a aberração interna que resulta da recuperação de tantas fraturas, muitas delas, às vezes expostas.

Joana Bravim


sexta-feira, 15 de julho de 2011

De joelhos



Eu te busco, te encontro e te cuido
Saro tuas feridas, resolvo tuas pendências da vida
Me abrigo e me abasteço dos teus sorrisos, jeitos e jeitos escondidos
E você foge.

Eu te salvo, te protejo e te acho
Abro teus olhos para os teus predadores
Te protejo do trânsito e de falsos amores
E você foge.

Entendo tuas crises, tuas ânsias e desilusões
Me adapto à diferentes situações
Me realinho, reorganizo no espaço que sobrar pra mim
E na falta desse espaço e mesmo assim
Você foge.

Guardo teu sono, te dou carinho, te dou meu ombro
Meus ouvidos e todos os outros sentidos, sonhos e escombros e mesmo assim
Você foge.

Faço o que estiver ao meu alcance
E tento fazer o que não estiver ao meu alcance também,
Faço o que você quer, e o que nem sabe que quer
Tento sempre ir além
E você foge.

Te espero, te resgato, te busco e nem sempre acho
E mesmo em meio a essas quedas
De joelhos, me arrastando e me reerguendo
Continuo lutando te perdendo e te ganhando
E nem é pra mim, é só pra ter a você a uma distância relativamente menos dolorosa
Do que não ter de modo algum
E isso me faz fugir
do caminho que me leva à desistir
do que sempre se mostra não ser pra mim.

Joana Bravim

terça-feira, 12 de julho de 2011

Só mais uma vez


Só mais uma vez, só dessa vez, só por hoje,
Me prendo às lembranças do nosso doce embalo
Tenho você todos os dias em momentos eternizados na minha memória...
Mas não quero viver só de lembranças.
Quero você aqui, comigo, agora.

Quero cuidar de você, ser teu ninho, teu refúgio.
Quero ser o lugar pra onde você corre quando tem problemas, tristezas e alegrias.
Quero ser teu primeiro pensamento nos momentos que se passam com você.
Quero teu cheiro, teu stress, teus problemas...
Quero teu pé batendo de ansiedade perto de mim
Quero teus olhos em mim e em tudo a nossa volta no presente e no futuro.
Mesmo que só no agora. Mesmo que só por hoje.

Fiz de você meu abrigo sem perceber, sem permitir...
E me vejo sem lar, sem lugar pra voltar.
Quero teu abraço carinhoso no meu corpo
Teu gemido e tua voz de excitação no meu ouvido
Quero teu suor misturado ao meu
Quero te ouvir e te ver falar
Só mais uma vez, só dessa vez, só por hoje.

Quero você livre em mim...comigo...
Sem amarras, sem pudor, sem medos...
Só você e eu.
Desejos e carícias completos, intensos...
Quero a nossa submissão às nossas vontades e ao controle que elas exercem sobre o nosso tesão.
Hoje muito mais que estar com você por alguns momentos quero totalidade… quero entrega.
Só mais uma vez. só dessa vez, só por hoje.

Do amanhã eu não sei
Mas sei do medo, não medo de não ter você,
Mas medo da pessoa que tenha a você não te cuide.
Não imagino dor maior em mim.

Joana Bravim