domingo, 23 de setembro de 2012

Comida Requentada




Você viveu um grande amor que terminou.
Está só.
Só as tuas lembranças que te fazem companhia.
O fim de semana se aproxima e você frustradamente procura algo que preencha as tuas horas.
Mas nada satisfaz. Nada é como fazer nada ao lado dela.
Tentar outra vez o mesmo amor?
Voltar tudo como era antes, prorrogar a vigência do contrato?
Mas como disfarçar o cheiro de comida requentada?
Tendo doído tanto a primeira separação, difícil batalhar por uma sobrevida do amor.
A consciência do risco de ganhar uma sobrevida para a dor não te deixa relaxar.
A sensação de marcha a ré torna-se uma constante.
O motivo que levou à separação continua por ali, escondido atrás do sofá
Ou disfarçadamente decorando a mobília da sala.
Percebe- se então que a paixão não segue sem cicatrizes.
Não é assim tão fácil de ser contornado.
Na cabeça, tudo vai dar certo:
O roteiro do romance foi reescrito e os defeitos foram retirados do script.
Mas na hora de encenar, cadê o diretor?
A sós no palco, constatamos que somos os mesmos de antigamente, em plena recaída.
E a sensação de rever um filme não te deixa.
E, cá entre nós, isso não mantém o brilho do olho.

Joanna Bravim

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