Relato aqui meus dias sem paz:
A saudade de um tempo que não chegou a ser lateja
instigando as horas mais solitárias da noite
Os minutos são duros e intermináveis
Enrijecidos desde o momento em que comecei a te esperar.
Tento não escorrer e sobreviver ao cotidiano cada vez
mais frio
Lágrimas amargas cristalizam-se em meu peito a cada
nascer e por do sol
De asas quebradas arremesso-me no retorno do que oferto a você, sendo este, um abismo profundo e vazio.
Teu sentir por mim é como um rio congelado onde o tempo
pára e me faz absorver a dor que o nada trás.
Tudo solidifica por dentro e a saudade_ carrasca do que
não chegou a ser_ persiste.
Não mais aceito a sentença de um quarto frio ou migalhas
e esmolas de um sentimento sem posses (retorno).
Tuas sobras não mais me satisfazem
Até os nômades escolhem onde fixar morada temporária, e
não mais desejo pousar em teu ninho.
Sou andarilha em busca de vida
Não aceito estagnar em um lugar que não sinta a sua
entrega por completo
Não me sustento com metade ou com possibilidades
A miragem de um oásis de felicidade não me é suficiente
para segui-lo
Nesse deserto de relações secas só o sabor de um amor
germinante me sacia.
Tira-gosto não substancia minha existência
E por isso tenho quer partir.
O prelúdio de uma tempestade de desilusão se anuncia
Esse é o risco de quem muito caminha, vivencia e pouco
encontrou.
Na perspectiva de tempos melhores eu sigo
Acumulando experiências refletidas em um olhar cada vez
mais profundo e calejado.
Joana
Bravim
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