Sou leal a você minha algoz que arremata de modo
tão abrupto os meus sentidos ao sorrir.
Ó minha doce amada, meus lábios estão selados por
tua proximidade que causa em mim ebulições moleculares.
A torrente desse amor silencia minha voz diante de
mais esplendorosa imagem;
Teu cheiro inebria e adormece meus sentidos;
Assumir que é amor o que sinto por ti é meu
suicídio, embora nunca me tivesse ocorrido matar-me.
Eu, que simbolicamente morro várias vezes o
martírio que é não tê-la em meus braços, experimento a ressurreição que é olhar
você.
Já peguei uma vez de relance teu
olhar, e esse instante te deu meu ser por inteiro, e este é meu segredo.
Força extrema que aprisiona meus sentidos a tua
lembrança.
E tudo parecia ter nascido, a princípio, de uma
vaga ideia de felicidade.
Será que o meu ofício doloroso é o de adivinhar na
carne a verdade que não quero enxergar?
Cogitar a possibilidade de seguir a existência, sem
nem ao menos por um momento ter a você, é me banir para um mundo enrijecido e
congelado pela tua ausência.
Por isso, agarro-me a esperança de uma virgem
possibilidade e sigo acompanhada pela gélida solidão dos dias que meus olhos
não te veem.
Tenho um coração inundado de sentimentos, por conta
disso, meus dias sem você me causam asfixia.
O tempo é meu carrasco, nada preenche as horas.
Tento aquecer-me relembrando as dádivas dos raros
momentos nos quais fui agraciada pela tua presença.
Só assim, trago cores a minha vida. É em você que
habita a aquarela da minha existência.
És ausente agora, porém, permanece em mim. Guardada
em meu peito no mais ardente amor.
Joana Bravim
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