Já morri demais nessa vida.
Estou cansada de viver o luto, enterrando amores...
Tendo que esquecer sorrisos, momentos...
Acostumar – me com a ausência das alegrias que criei.
Sobreviver ao vazio de possibilidades, agora inúteis.
É sempre avassalador o dia do fim, e o dia seguinte a este,
não conheço palavra para expressá-lo:
Um buraco, vazio, oco, um nada interior que resta e dói
absurdamente.
Tudo em volta segue, flui... Menos eu.
Agora existe outra pessoa que habita o meu interior e tenta
dar continuidade aos afazeres diários.
Eu não. Eu vivo o luto.
Invento motivos que justifiquem a morte desse amor;
Lamento o que fiz e não fiz;
O que disse e o que deixei de dizer;
Eu vivo o luto dos planos que tinha feito;
Dos sonhos que foram ceifados de modo tão abrupto.
E só o tempo para me ajudar a acostumar com o vazio,
Ou quem sabe, o escorrer das horas ajude-me a desaguar de
volta para mim,
E na construção diária desse cais, eu consiga fazer do meu
interior um porto seguro para ancorar.
Joana Bravim
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